Ovar “descobriu” o Carnaval em 1952, ano em que se realizou o 1º cortejo, no Domingo Gordo, a 24 de fevereiro. O cortejo foi organizado e concebido pelo arquiteto Aníbal Emanuel da Costa Rebelo, do Porto, e pelos cidadãos José Alves Torres Pereira, natural da Póvoa de Varzim, e José Maria Fernandes da Graça, natural de Ovar. Os dois primeiros, então, quadros da empresa F. Ramada.
Para o João Semana (6/3/1952), “no domingo gordo saíram pelas ruas da vila oito carros alegóricos carnavalescos com que se pretendeu civilizar o carnaval de Ovar”, carros esses que representavam alguns bairros da vila.
O cortejo, constituído por grupos (desde 1954) e carros alegóricos, animado e colorido, tornou-se rapidamente um dos principais cartazes de Ovar, atraindo todos os anos milhares de espetadores. Partindo, primeiramente, do Largo de S. Miguel (1952-1963), depois das Ribas (1964-1971) e do Mercado Municipal (1972-1999), o cortejo inicia-se, desde 2000, na Avenida Dr. Sá Carneiro.


A partir de 1952, com duas exceções – a de 1962, motivada pela guerra no Ultramar, e a de 1975, em virtude de a quadra carnavalesca coincidir com a campanha eleitoral – o carnaval tem-se efetuado, sendo atualmente uma das principais festas carnavalescas do País.
Em 1887, houve bailes nas casas particulares e nos clubs; em 1893 efetuaram-se bailes no salão da rua do picoto, organizados por José Luís da Silva Cerveira, e na cada do Dr., Sobreira; em 1895, houve batalha de flores e bailes de salão organizados por Silva Cerveira, à Rua de S. Bartolomeu; entre 1899 e 1912, o Grémio Familiar levou a cabo diversos bailes; nos inícios da 1ª República, em 1911, deram-se bailes no salão da viúva Regueira, na Rua 31 de janeiro (antiga Rua do Picoto).
No Estado Novo, na década de 1930, realizaram-se bailes no salão da Secção recreativa Aliança, na Assembleia do Furadouro, nos Irmãos Unidos, no salão de Manuel Salvador, com o Baile da Pinhata, no salão da Fábrica Mercantil, na Casa Peixoto, e no teatro dos Bombeiros Voluntários. Em meados do Século XX, os bailes de máscaras em Ovar tornaram-se uma das principais manifestações do carnaval: grandes bailes no salão do Café progresso, no Cineteatro, nos Irmãos Unidos, nomeadamente; pequenos bailes em casas particulares, que sofriam “assaltos”; simples reuniões de família e de amigos em agremiações.
A 7 de fevereiro de 1982, efetuou-se o 1º Corso Infantil; em 1983 surgiu a 1ª Escola de Samba, a Costa de Prata, fundada a 19 de dezembro de 1982, a que se seguiram a Charanguinha (1985), a Juventude Vareira (1986), a Mangueira (1989) já extinta, Kan-Kans (1990), e Império Ovarense (1993) já extinta.
Desde 1994 os grupos de carnaval foram divididos em duas categorias: Passerelle e Carnavalesco.
Grupos de Passerelle: Levados do Diabo (1965), Palhacinhas (1965), Melindrosas (1970), Barulhentas (1989), Bailarinos (1989) e Joanas Do Arco da Velha (1990).
Grupos Carnavalescos: Condores (1959, o mais antigo), Pinguins (1967), Hippies (1968), Garimpeiros (1970), Xaxas (1970), Catitas (1971), Vampiros (1971), Pindéricus (1971), Zuzucas (1973), Marados (1976), Marroquinos (1980), Não Precisa (1981), Pierrot’s (1981) e Carrucas (1990).
Por escritura em 30 de novembro de 1998, foi constituída pela Câmara Municipal de Ovar a Fundação de Carnaval, tendo por objeto “a promoção de eventos culturais, recreativos e a valorização e divulgação do património cultural e turístico do concelho e da região”. Para concretização destes objetivos, a Fundação ficou, nomeadamente, com o encargo de promover e organizar o Carnaval de Ovar.
Por Portaria nº1213/99 (2ª série) foi reconhecida a Fundação do Carnaval de Ovar.
Com a extinção da Fundação de Carnaval em 2013, a organização do Carnaval de Ovar passa a ser responsabilidade da Câmara Municipal de Ovar.
No Jardim do Cáster estão duas esculturas alusivas ao Carnaval, do Escultor José Rodrigues, uma em 2002 e outra em 2004.
A 23 de Novembro de 2005 foi criada a Associação FECC Portugal (Federação Europeia das Cidades com Carnaval) – os seus órgãos sociais foram eleitos a 16 de janeiro, tomando posse a 25 desse mês.
Ao longo do tempo, muitos têm sido os Reis do Carnaval de Ovar. A figura do Rei Momo assume uma relevância significativa e o facto de ter sido sempre mantida a tradição de utilizar uma figura de Ovar no trono preserva um encanto especial para os vareiros. De todos os Reis de Carnaval os mais carismáticos foram António Salvador – António da Vareirinha com 14 mandatos alternados (1970 a 1977; 1979 a 1983, 1990 e 1991) e Manuel Ferreira conhecido também como “Manuel Russo”, com 15 mandatos consecutivos (1993 a 2007).
Bibliografia
Monografia de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Dicionário da História de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Fontes desconhecidas.
