Escreveu-se que “em Ovar as casas são referencias museológicas importantes no domínio da azulejaria”. Na verdade, a cidade de Ovar, considerada terra-museu do azulejo, possui a mais rica coleção de azulejos de revestimento de fachadas do País, quer em quantidade quer em variedade.
Após o terramoto de 1755, o azulejo “sofreu uma grande renovação através da simplificação dos desenhos, atualização da padronagem e aumento da capacidade de produção” (Rafael Salinas Calado).
Para este museólogo e professor, bem como para A. Nogueira Gonçalves, Ovar não tem azulejos muito antigos (referem-se um datado de 1772, e outro da mesma segunda metade setecentista) ou exemplares muito importantes.

Durante o século XIX, o azulejo “foi descobrir no Brasil uma nova dimensão (ao revestir o exterior dos edifícios”, “ao regressar como azulejo de torna-viagem pôde então, pela mão dos emigrantes brasileiros, desenvolver as suas capacidades de animação das fachadas – como acontece em Ovar- para criar verdadeiras ruas de cerâmica. Este fenómeno invulgar, de grande valor estético, transformou a paisagem urbana vareira num eloquente Museu Vivo do Azulejo”. (Rafael Salinas Calado).
Os brasileiros ovarenses, que não resistiram à saudade ou conseguiram bom pecúlio para assegurar a sua velhice, não trouxeram para a terra natal as casas grandes, mas os azulejos, especialmente desde meados do século XIX.
Por volta de 1950, o Eng.º João Miguel dos Santos Simões, descobriu, oficialmente e pela 1ª vez, a riqueza dos azulejos das Casa de Ovar.
Para Paulo Matos, Ovar é “o maior museu vivo do mundo daquela forma de arte tão tipicamente portuguesa” para Rafael Salinas Calado, “Ovar é um museu vivo do azulejo”, onde “as ruas de casinhas cobertas de cor e variedade dos motivos dos seus azulejos expostos à privilegiada luz da Ria, fazem de Ovar um magnifico museu”. Para o deputado Vital Moreira (Assembleia da República, a 4/7/1980), Ovar “é um autêntico museu do azulejo exterior e onde há ruas inteiras que só por isso mereciam ser classificadas”.
“O interesse de preservar este património único levou o município (presidido pelo dr. Armando França) a criar o Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo – uma iniciativa inédita que, alem de propor a recuperação das fachadas em parceria com os proprietários, desenvolve o estudo dos materiais e dos padrões, bem como a história do percurso migratório dos brasileiros – recolha de correspondência, recortes de jornais e também de fotografias.
Em 2001 começou a funcionar o Atelier situado na rua Heliodoro Salgado, tendo como técnica responsável a Dr.ª Maria Isabel Moura Ferreira, sendo único no género no País.
Bibliografia
Monografia de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Dicionário da História de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Fontes desconhecidas.