Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense
Joaquim Guilherme Gomes Coelho, conhecido pelo pseudónimo literário Júlio Dinis, nasceu no Porto, a 14 de novembro de 1839 era filho de José Joaquim Gomes Coelho, natural de Ovar e Ana Constança Potter Pereira Lopes, ficou órfão de mãe com apenas cinco anos, facto que marcou profundamente a sua obra.
Frequentou as primeiras letras em Miragaia e, com dezassete anos, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde, em 1861, defendeu tese.
No Verão de 1863, já diagnosticado com tuberculose, veio para Ovar apanhar o ar da brisa marítima e descansar, ficando hospedado na Casa dos Campos, propriedade de sua tia paterna, D. Rosa Zagalo Gomes Coelho, onde colheu inspiração para alguns dos seus principais romances, tais como As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais.
Júlio Dinis faleceu, vítima de tuberculose em 1871, com 31 anos de idade e encontra-se sepultado no Porto.
Em vida, publicou vários romances, entre eles As Pupilas do Senhor Reitor, em 1867, Uma Família Inglesa e A Morgadinha dos Canaviais, em 1868, e, em 1870, reuniu vários contos nos Serões da Província. No ano da sua morte, foi ainda editado o romance Os Fidalgos da Casa Mourisca e, só postumamente, em 1874, se publicaram as suas Poesias, sendo Os Inéditos e Esparsos, em dois volumes, foram editados já em 1910.
Em meados do século XX foi compilada a sua obra na área do teatro.
Júlio Dinis integra, a galeria dos grandes autores clássicos da literatura portuguesa.
A Casa dos Campos tem uma configuração alongada, dando a sala acesso direto para a rua e a cozinha para as traseiras. As restantes divisões, pequenas, distribuem-se no decorrer de um longo corredor.
O caráter nobre atribuído à sala, reservando-a quase exclusivamente para receber visitas, permitiu a privacidade e sossego necessários para que o romancista pudesse idealizar duas das suas maiores e mais prestigiadas obras As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais.
A casa foi considerada Imóvel de Interesse Público, por Decreto do Governo de 1984, e doada pela família Bonifácio à Câmara Municipal de Ovar, em 1989.
A abertura do Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense, em 1996, teve como objetivo valorizar a passagem do escritor por Ovar e manter vivo, na memória de todos, o legado de uma época passada.
Em 2012, a Câmara Municipal de Ovar inaugurou as obras de reabilitação e ampliação deste imóvel, financiadas no âmbito do QREN 2007/2013 – MaisCentro, e que resultaram de um projeto elaborado pela J. A. Lopes da Costa -Atelier de Arquitetura, de acordo a Lei-Quadro dos Museus.
Bibliografia
Monografia de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Dicionário da História de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Fontes desconhecidas.
Casa Museu de Arte Sacra da Ordem terceira de São Francisco
Resultou da missão de Frei Luís de S. Francisco, o Frade Pinheiro, da Ordem dos Frades menores do Convento do Porto, que pregou na Igreja em 1659, tendo sido ereta a 3/12/1960 e transferida, seis anos depois, para a Capela da Senhora da Graça.
Devendo obediência aos religiosos do Convento de São Francisco do Porto separou-se destes. Em 1779, obtendo em 1787 autonomia completa.
A Ordem Terceira, para arrecadar as alfaias, adquiriu ao alfaiate Pedro de Campos, a 24 de maio de 1780, uma casa na Rua da Graça, que em 1942, foi ampliada com um andar pelo empreiteiro Manuel Pereira Leal, do Souto onde foi Inaugurada, a 17 de fevereiro de 1973, a Casa Museu Ou Museu de Arte Sacra da Ordem Terceira.
Foi em 1663 (data provável) a 1ª Procissão dos Terceiros que, segundos os estatutos e regra de Ordem, datados de 1672, era constituída por 24 andores.
A procissão realizou-se com esta composição até 1804, ano em que a ordem substituiu as imagens antigas de roca, e reduzindo o número de andores, tendo em1868 a procissão saiu com 10 andores.
Posteriormente veio a ter 14 andores, nomeadamente: Imaculada Conceição, Os Bem Casados, Santa Rosa de Viterbo, São Francisco nas Silvas, Santa Margarida de Cortona (novo andor de 1900), Santo Ivo, São Roque, Santa Isabel Rainha da Hungria, São Luís Rei de França, Santa Isabel Rainha de Portugal (novo andor de 1892), Santo António de Lisboa, Santa Clara de Assis, Visão de São Francisco e Andor da Ordem (do Senhor Jesus).
O Museu tem como missão identificar, estudar, recolher, conservar e divulgar o espolio e tradições da Ordem terceira de São Francisco, bem como, os bens e cultura religiosa da região de Ovar, reúnindo um conjunto diversificado de peças de Arte Sacra, de elevado valor, datáveis entre os séculos XV e XX, provenientes das paróquias de São Pedro, São João e São Cristovão e das instituições religiosas de Ovar, realçando o espolio da Ordem terceira de São Francisco de Assis.
Bibliografia
Monografia de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Dicionário da História de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Fontes desconhecidas
Museu de Ovar
Sugeriram a criação dum Museu em Ovar os padres Miguel de Oliveira e António Manarte, o professor Manuel José Patrício, e Manuel Cascais de Pinho. A ideia dum museu regional foi também ventilada pelo Noticias de Ovar, em 1948 e 1950, mas tudo havia de começar, em 1959, no antigo edifício do hospital camarário, no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, quando os escutas decidiram realizar uma exposição de artigos de arte africana que o ovarense Manuel Coelho da Silva pôs à sua disposição, verificando-se a abertura da exposição verificou-se a 10 de janeiro de 1959.
O seu fundador e incansável organizador foi o ovarense José Augusto de Almeida, empregado de escritório e, então, secretário do corpo de escuteiros de Ovar.
José Augusto de Almeida nasceu na Rua Camilo Castelo Branco, a 27 de dezembro de 1922, filho de José Maria de Almeida, lavrador, e de Albina Brandão de Bastos, casou (1950) com Emília Maria de Almeida, e faleceu, a 2 de maio de 1996, com 73 anos.
Além de José Augusto de Almeida, foram organizadores do Museu António Jorge Tavares Pereira Carvalho, empregado de escritório, e Manuel Pereira Santos Silva, então sapateiro, com 26 anos.
Em outubro de 1959, José Augusto de Almeida deslocou-se à televisão ao programa Zip-Zip, de Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz.
O Museu foi inaugurado, oficialmente, a 8 de janeiro de 1961, numa casa imprópria, um velho casarão no Picoto, na Rua Heliodoro Salgado.
Por escritura de 20 de janeiro de 1981, lavrada no cartório notarial de Espinho, o Museu viria a adquirir o velho casarão a Maria Augusta Martins Pinheiro Amado, do Porto.
Os estatutos do Museu foram aprovados pelo ministro da Educação Nacional por despacho de 22 de janeiro de 1963 e por eles verifica-se que o Museu é uma agremiação cultural, com sede em Ovar, que tem por fim desenvolver a cultura artística dos seus associados e não associados e manter o museu, composto por um número indeterminado de associados com o nome de amigos; que procura obter, como ofertas e doações, valores artísticos ou regionais, para ficarem expostos no seu edifício.
Pelo decreto nº407/D/75, o Museu foi reconhecido como instituição de utilidade pública.
O Museu, que tem levado o nome de Ovar não só pelo País como também pelo estrangeiro, tem organizado inúmeras exposições, nomeadamente de artesanato regional, de autógrafos de escritores portugueses já falecidos, de azulejos, de banda desenhada, de ex-libris, de numismática ( a 23 de janeiro de 1972, foi inaugurada a primeira exposição internacional de medalhas realizada no País, tendo sido expostas cerca de 1500 medalhas de 14 nações; a 7 de dezembro de 1972 abriu a Exposição de Numismática e Cédulas Camarárias), de trajos populares portugueses (a Exposição de Trajes Populares do Mundo português, constituída por 103 trajes representativos de Portugal continental, insular e ultramarino), de bonecas de todos os países, etc.
O Museu tem secção etnográfica (trajes antigos de ovarina e coleção de lenços), coleções de medalhas, arte negra, pintura, escultura, com muitos artistas, nacionais e estrangeiros representados. Tem Salas de música, do mar, de bordados, de numismática e,designadamente, salas dedicadas a Jorge Barradas, Júlio Resende, Maria Luísa Fragoso e Querubim Lapa.
Bibliografia
Monografia de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Dicionário da História de Ovar de Alberto Sousa Lamy;
Fontes desconhecidas
Núcleo Museológico “As Tricanas de Ovar”
O Núcleo Museológico do Grupo Folclórico “As Tricanas de Ovar” foi criado em 2005 pelo Grupo Folclórico “As Tricanas de Ovar”, fundado em 1979, e agrega um conjunto de infraestruturas rurais que, na última década, foram alvo de um processo de reabilitação. Tem como missão a salvaguarda do património material e imaterial das gentes de S. João de Ovar, promovendo o seu estudo, a recolha, a preservação e divulgação dos bens culturais. Do seu programa museológico destacam-se a reserva museológica e o conjunto patrimonial circundante, constituído por um moinho, levada e lavadouro.